Outro dia,
disse a dois amigos queridos: Há uma linha muito tênue (e frágil) entre desejo
de justiça e sede de vingança; admiração e inveja. O problema é que, para
muitos, esta linha passa desapercebida. Sim, porque uma coisa é esperar que
alguém, instituído de uma autoridade ou poder maiores, faça com que um ato de violação
(da espécie que for) seja reparado, e outra coisa bem diferente é desejar (ou
até mesmo providenciar para) que o causador da violação passe pela mesma
situação, quiçá pior.
Coisa bem
diferente também é olhar para alguém e reconhecer: Puxa, história de vida bonita
esta que a Fulana construiu. É muito bacana ver o sucesso profissional que ela
conseguiu na base do esforço e da dedicação; o casamento e a família que ela
tem são realmente bem estruturados... quero ser igual a ela, porque ela é um
exemplo a seguir. A isto eu considero ADMIRAÇÃO.
Contudo, este
desejo de SER igual, ou TER igual, não pode virar uma obsessão, a ponto de
aquele que admira desejar ter aquilo que pertence UNICAMENTE ao admirado, como
as experiências de vida, as conquistas profissionais, o marido apaixonado e
dedicado (ou a esposa apaixonada e dedicada), os filhos abençoados. Há pessoas
tão emocional e espiritualmente doentes que tentam, a todo custo, descontruir a
história de vida, a carreira, a família, a felicidade do outro. E fazem isto
valendo-se de calúnias, invencionices e licenciosidades, e até amizades devotadas, tentando roubar, sem
pudor, o que o outro conquistou pelos próprios esforços ou méritos legítimos, e
isto, numa concepção bem simplista, é INVEJA.
É preciso
sensibilidade para perceber quando a linha tênue está em perigo, para que não
nos tornemos o perigo para os outros – e para nós mesmos; afinal, colhemos o
que plantamos.